Os pacientes que vêm para uma consulta psiquiátrica normalmente chegam após ter vencido algumas resistências, sejam deles próprios ou das pessoas do seu entorno, pois nem sempre é simples reconhecer ou admitir um sofrimento subjetivo, além do fato de que ainda há muito preconceito em torno do adoecimento psíquico. 

A primeira ação como psiquiatra é o acolhimento deste paciente em seu sofrimento, disponibilizando uma escuta atenta do seu relato, a respeito dos sintomas, do seu momento atual e de sua história pessoal e familiar, além de ir fazendo algumas perguntas para recolher os elementos necessários à tentativa de elaboração de um diagnóstico.  

Neusa Santos Souza
Frantz Fanon

Nem sempre é possível chegar a um diagnóstico definitivo em uma primeira consulta, sendo por vezes necessário o acompanhamento da evolução do quadro para melhor esclarecimento. 

Em alguns casos, é necessário entrevistar também um familiar ou acompanhante, e muitas vezes temos que contar com o auxílio da família para ajudar no tratamento do paciente. 

Após as entrevistas e realização da hipótese diagnóstica, é elaborado com o paciente um plano terapêutico, que pode envolver prescrição de medicação, além de esclarecimentos e orientações em conformidade com o caso.  

Costumo trabalhar com o mínimo de medicação necessário, e sempre que possível, com monoterapia ou com associações entre medicações que tragam o menor número de efeitos colaterais, que não prejudiquem o cotidiano do paciente (como lentificação motora, sonolência, lentificação do raciocínio), sendo sempre possível rever a posologia caso o remédio comece a “atrapalhar” muito. 

O intervalo entre as consultas costuma ser de 30 a 60 dias, podendo variar bastante e ser encurtado caso o momento do tratamento exija reavaliações mais frequentes. 

 Em alguns casos, em determinada fase do tratamento pode se fazer necessário o uso de outros dispositivos que não somente o atendimento em consultório, como por exemplo, internação hospitalar ou em clínicas psiquiátricas, ou frequentar hospital-dia.  

Tento sempre contar com a internação como último recurso, porém, caso se faça necessária, procuro esclarecer ao paciente que concebo a internação como um recurso muito válido quando bem indicado, que pode vir a garantir a proteção necessária à integridade física e mental do paciente, como uma etapa, para que ele prossiga seu tratamento em consultório assim que possível.  

No caso a caso, posso indicar também acompanhamento conjunto com outros profissionais, como psicólogo ou terapeuta ocupacional. 

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