Os pacientes que vêm para uma consulta psiquiátrica normalmente chegam após ter vencido algumas resistências, sejam deles próprios ou das pessoas do seu entorno, pois nem sempre é simples reconhecer ou admitir um sofrimento subjetivo, além do fato de que ainda há muito preconceito em torno do adoecimento psíquico.

A primeira ação como psiquiatra é o acolhimento deste paciente em seu sofrimento, disponibilizando uma escuta atenta do seu relato, a respeito dos sintomas, do seu momento atual e de sua história pessoal e familiar, além de ir fazendo algumas perguntas para recolher os elementos necessários à tentativa de elaboração de um diagnóstico. Nem sempre é possível chegar a um diagnóstico definitivo em uma primeira consulta, sendo por vezes necessário o acompanhamento da evolução do quadro para melhor esclarecimento. Em alguns casos, é necessário entrevistar também um familiar ou acompanhante, e muitas vezes temos que contar com o auxílio da família para ajudar no tratamento do paciente.

Após as entrevistas e realização da hipótese diagnóstica (às vezes pode ser mais de uma hipótese), é elaborado com o paciente um plano terapêutico, que pode envolver prescrição de medicação, além de esclarecimentos e orientações em conformidade com o caso. Costumo trabalhar com o mínimo de medicação necessário , e sempre que possível , com monoterapia ou com associações entre medicações que tragam o menor número de efeitos colaterais ou que prejudiquem o cotidiano do paciente (como lentificação motora, sonolência, lentificação do raciocínio), sendo sempre possível rever a posologia caso o remédio comece a “atrapalhar” muito.

O intervalo entre as consultas costuma ser de 30 a 45 dias, podendo variar bastante e ser encurtado caso o momento do tratamento exija reavaliações mais frequentes. Em alguns casos, em determinada fase do tratamento pode se fazer necessário o uso de outros dispositivos que não somente o atendimento em consultório, como por exemplo, internação hospitalar ou em clínicas psiquiátricas, ou frequentar hospital -dia. Tento sempre contar com a internação como último recurso , porém , caso se faça necessária , procuro esclarecer ao paciente que concebo a internação como um recurso muito válido quando bem indicado , e que pode vir a garantir a proteção necessária à integridade física e mental do paciente , como uma etapa, para que ele prossiga seu tratamento em consultório assim que possível. No caso a caso, posso indicar também acompanhamento conjunto com outros profissionais, como psicólogo ou terapeuta ocupacional.